Mensagens

Barcelos, nos finais dos anos 30 do século XX, pela lente de Nicolás Muller

Imagem
Éramos assim nesses tempos difíceis, de má memória: com estas roupas, descalços, de faces duras e desencantadas de trabalhadores pobres, onde se viam risos fugazes, pelos lugares que nos são familiares. O Campo da feira, a Fonte de Baixo, as ruas que ainda hoje conhecemos, os edifícios que reconhecemos. Os bois, os carros de bois, e os porcos que se tangiam com uma varinha até à feira com um cordel atado a uma das pernas traseiras. Nicolás Muller, o fotógrafo húngaro que nos retratou, esteve cá em Portugal, e em Barcelos, em 1939, ao serviço da France Magazine, e retratou-nos desta forma crua e autêntica. Isso valeu-lhe a perseguição de Salazar, que ordenou a sua prisão e de que só escapou devido às diligências do pai, maçon e membro do Rotary Club. O olhar comprometido tinha-o já feito abandonar o seu país natal e viajar para França, onde conheceu Cartier-Bresson, Robert Capa, Brassaï, fotógrafos com quem se identificava. Picasso quis comprar algumas das suas fotografias. Hitler infla